- Ju, vai ficar tudo bem, agora é cinco dias só nosso. - Ele riu maliciosamente e me beijou.
Havíamos acabado de decolar do Rio. Iriamos passar cinco dias numa casa bem reservada de um amigo de Luan. Fazia um tempo que não viajávamos assim, sozinhos. Completávamos no dia seguinte 10 anos de casamento e resolvemos fazer esse passeio. Estava nervosa de deixar as crianças sozinhas. Os pais de Luan moravam perto e sei que estariam atentos. A empregada que me ajudava desde que Rafa nasceu ficaria com eles esse tempo todo. E Nana me prometeu que passaria pra vê-los todo dia e coloria ordem lá, mandando - os pra fazer tarefas escolares e não deixaria nada sair de fora da linha. Mas mesmo assim ainda me apertava o coração. A casa era no "meio do mato". Mentira também... Era como uma fazenda, no interior do Espirito Santo. Luan já havia ido lá, dizia que era linda e que aproveitaríamos a viajem. Iriamos de helicóptero, por ter uma pista de pouso ali. A viagem foi tranquila e logo pousamos. Já estava combinado o horário do voo de volta e Luan levava as malas. Eramos só nos dois ali, sem mais ninguém. Carlos, amigo de Luan havia explicado tudo pra ele. Chegamos e Luan quis dar uma volta pela fazenda. Me mandou colocar um biquíni, tinha uma cachoeira e Carlos havia lhe explicado como chegar lá. Ele preparou lanche pra gente comer lá.
- Luan, você tem certeza que sabe chegar lá?
- Claro que sei amor.
- Tudo bem então.
Saímos a pé mesmo, sempre reclamava de um bicho ou de outro que vinha em cima de mim enquanto Luan ria, e quando já havíamos feito uns 50 minutos de caminhada, comecei a reparar que já havíamos passado por ali.
- Luan...
- O que foi agora muié?
- Já passamos aqui, você está perdido não é?
- Claro que não... Não passamos aqui.
- Passamos sim, eu vi essa arvore!
- Não viu nada sua louca.
- Louca? Se vai ver! - Fui até a arvore e peguei uma fita que decorava meu biquíni por baixo da minha blusa e prendi em um dos galhos.
- O que está fazendo?
- Vem, vamos andar e você vai ver como passamos aqui já, duas vezes. Continuamos a andar e mesmo de cinco minutos depois, demos de cara com aquela mesma arvore.
- Esta vendo? Estamos perdido. - Tirei minha blusa e novamente amarrei o laço no biquíni, colocando ela novamente. Luan levava nas coisas a nossa mochila com algumas coisas... Sentei no chão, estava cansada já. Afrouxei meu rabo da cavalo e arrumei novamente.
- Eu te disse pra ver antes, agora estamos perdido e não temos celulares... Vamos passar a noite aqui mesmo? Eu vou morrer... - Disse deitando pra trás na grama.
- Para Ju...
- Para Luan? Eu tenho medo de inseto! Se você acha que eu vou dormir aqui está enganado.
- Deve ser menos de 11:00, vamos achar até a noite.
- Eu sabia, sempre tenho razão, aprende á me escutar.
Luan olhava alguma coisa atentamente e depois comecei a reclamar. Se pra uma coisa eu tinha frescura, era pra insetos. Tinha trauma, desde pequena. Comecei a dizer:
- Você sabe que eu tenho medo, e agora eu não sie o que vai ser de mim, por que você e não me protege de insetos, fica rindo igual um tonto!
- Ju, cala a boca.
- O que?
- Cala a boca.
Ele levantou e começou andar devagar.
- Vai me deixar aqui mesmo?
- Cala a boca Juliana!
- Não me provoca...
Ele sorriu e disse:
- Vem, eu achei.
- Acho? Onde?
- Se você ficar quieta você escuta!
Parei de falar e ouvi o barulho da água caindo, bem baixo, vindo do nosso lado direito. Levantei e ele pegou em minha mão, me puxando pelo caminho onde havia algumas plantas. Luan as afastou e disse:
- Passa muié.
Passei em sua frente e dali já dava pra ver uma trilha pequena. Luan pegou em minha mão e seguiu na frente. Até avistarmos uma cachoeira pequena, mas linda. Cheguei tirando a blusa e o shorts, soltei meus cabelos e ali pulei, mergulhando e voltando a superfície sorrindo.
- Vem amor! - Sorri pra ele.
- Calma ai que vou colocar nossas coisas aqui. Ele foi até um grande sombra que tinha e estendeu um grande lençol ali. Colocou a mochila com comida pra embaixo da arvora, na sombra e depois tirou da mochila nossas toalhas e colocou nossas roupas em cima do lençol. Pulou na água comigo. Ri e nos abraçamos. Ali passamos uma tarde maravilhosa, rindo, brincando e namorando bastante, com muito amor entre nós. Fomos comer já era tarde e depois deitamos no lençol. Enquanto conversávamos, acabamos adormecendo.
Acordei com barulhos estranhos e contatei que ainda estávamos ali, com a cachoeira próxima. Luan tinha as mãos em minha cintura e eu, de frente pra ele, em seu peitoral. Mas já estava escuro. Fiquei assustada.
- Luan, Luan! Luan acorda...
Ele foi abrindo os olhos e quando abriu por completo se assustou.
- Já é noite?
- Sim, vamos... - Comecei a levantar e ele me puxou.
- Ju, para, não adianta.
- O que?
- Vamos ter que dormir aqui.
- Não! - Lhe olhei incrédula.
- Não vamos achar o caminho no escuro.
- Claro que vamos!
- Nos perdemos no claro, imagina no escuro?
- Eu não vou dormir aqui. Está frio.
- Não vamos voltar de noite, é loucura. Tenho um outro lençol aqui, vamos os cobrir com ele.
- Luan, insetos, eu tenho medo...
- Eu estou com você está bem? Vou te proteger...
- Cobras?
- Ju, cobras deve ter sim, mas é mais difícil acharmos ela se ficarmos aqui do que sair andando ai.
- Luan, eu não quero.
- Ei, estou com você. Olha esse céu! Não gosta de olhar estrelas?
- Sim, amo.
- Tanto quanto em?
- Mais.
- Mais que eu? - Ele fez cara de inconformado. Sabia que eu gostava das estrelas.
- Mentira. - Eu ri e ele também.
- Vem cá vem muié. - Me aconcheguei perto dele e o abracei. Ele estendeu as mãos pra trás e tirou facilmente da mochila um lençol. Abracei ele forte e ficamos contando estrelas.
- Obrigado por estar comigo, me aguentar por 10 anos. E ainda estar aqui depois de tudo que já aprontei. - Ele riu.
- Faz dez anos né?
- De casados. Te conheci quando tinha 20, faz... 25 anos. E 20 que estamos juntos.
- Sim, faz tudo isso.
- Faz 25 anos que eu te amo cada parte do meu dia.
- Faz 30 anos que te amo cada parte da minha vida.
- Ah, vai contar sua vida de fã, não vale! - Rimos.
- Claro que vale, te aguentar naquela época não foi nada fácil, e não é até hoje.
- Ei. - Fez voz de ofendido. - Mas ainda está aqui.
- Quem disse que o amor era fácil?
- Ninguém. - Ele sorrio e me puxou pra um beijo.
Nos amamos ali mesmo, sobre a luz das estrelas e o luar, quem mais havia abençoado nosso amor. E assim adormeci sobre ele.
Amores, vou guardar minhas palavras pros agradecimentos ok? Vou chorar... To até vendo.